Caiado critica governo federal ao apresentar resultado do PIB

Apresentação da alta de 4,4% da economia goiana, acima da média nacional, teve reprimenda por medida que alterou incentivos fiscais
Por O Popular
Data: 28/03/2024
Governador Ronaldo Caiado divulga indicadores econômicos do estado: crescimento do PIB, empregos e massa salarial (Wesley Costa)

O Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás cresceu 4,4% em 2023, em comparação com o ano passado. A estimativa foi divulgada nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Mauro Borges (IMB), órgão estadual ligado à Secretaria-Geral de Governo. A soma de bens e serviços goianos no ano passado foi de R$ 336,7 bilhões contra R$ 321,8 bilhões do exercício anterior, quando o porcentual havia sido de 6,6%.

No evento, o governador Ronaldo Caiado (UB) fez críticas ao governo federal ao apontar desafios para o setor produtivo. Caiado citou a medida provisória das subvenções, aprovada no Congresso Nacional no fim do ano passado. Na prática, a proposta altera a tributação de incentivos fiscais concedidos pela União e estados a empresas e aumenta a arrecadação do governo federal.

A União apresentou a medida no contexto de tentativa de zerar o déficit fiscal. “É algo demolidor. É inimaginável o governo federal querer assaltar o bolso dos empresários daquilo que o estado de Goiás fez de concessão para que a indústria viesse para Goiás”, disse Caiado.

O governador pretende se candidatar à presidência da República em 2026 como representante da direita e com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar de ressaltar a parceria administrativa com o governo federal, Caiado tem marcado a oposição ideológica a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para o diretor-executivo do IMB, Erik Figueiredo, a diferença de visões entre o estado e a União é o principal entrave para o crescimento. “Enquanto Goiás preza pelo fortalecimento da iniciativa privada e a liberdade econômica de empreender, o governo federal vai no sentido oposto de aumento de imposto, de dificuldade de execução de políticas públicas para o mercado”, disse o diretor do IMB. Figueiredo também citou a MP das subvenções. Ele foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na gestão de Bolsonaro.

Os números apresentados nesta quarta demonstram que o crescimento do estado desacelerou em 2023 em comparação com 2022. No entanto, segundo o Figueiredo, este comportamento é comum. “Quanto mais cresce, mais difícil fica manter a taxa”, disse o diretor. Figueiredo argumenta que, como o estado atingiu altos níveis de produção, será difícil atingir a taxa de 6% novamente.

Com o resultado de 2023, Goiás registrou maior crescimento que o Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o PIB do País em 2023 foi de R$ 10,9 trilhões, número que representa aumento de 2,9% em relação a 2022. Os dados do IMB também apontam que a participação de Goiás no PIB nacional foi de 3,1%. O porcentual é, segundo o governo estadual, o maior da história.

“Quando se recompõe essa evolução em um índice de atividade, nós observamos que, em todas - indústria, serviços e agricultura - nós também atingimos o pico histórico da nossa economia. Então, em 2023, nós temos a maior evolução, o maior pico produtivo em todos os setores”, disse Figueiredo, nesta quarta, durante evento em que os indicadores econômicos foram apresentados.

Setores

O diretor também apontou o crescimento do trabalho formal em Goiás. Em 2023, a quantidade de trabalhadores atingiu 1,5 milhão. Entre 2020 e 2023, houve acréscimo de mais de 250 mil pessoas na lista. O setor de serviços é o maior responsável pelos postos de trabalho, R$ 1 milhão.

A indústria é a segunda que mais emprega, com 395 mil, seguida pela agropecuária, com 121 milhões. Além disso, o estado registrou 3,8 milhões de pessoas ocupadas no ano passado (em 2022, eram 3,62 milhões). A massa de rendimentos reais foi de R$ 11,4 bilhões.

Economista e coordenador do Centro de Pesquisas Econômicas do mestrado da Unialfa, Aurélio Troncoso avalia que os indicadores do estado são positivos. O economista destaca o crescimento de 12,9% da agropecuária em 2023, mas lembra que o setor de serviços, que cresceu 2,2%, é uma força relevante da economia, com maior geração de emprego, por exemplo. Troncoso também apontou a trajetória da indústria, que cresceu 3,8% no ano passado.

Além de Goiás, outros quatro estados (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo) já divulgaram estimativas de PIB. Nesta lista, Goiás registrou o segundo melhor resultado, atrás apenas do Espírito Santo, onde o PIB cresceu 5,7% em 2023. O IBGE é o responsável por divulgar os números oficiais dos estados, mas a publicação ocorre com diferença de cerca de dois anos. A última lista completa é referente ao ano de 2021, quando Goiás registrou montante de R$ 269 bilhões.

Desafios

Para Troncoso, o principal entrave para a continuidade do crescimento de Goiás continua sendo a energia elétrica. O professor ressalta as dificuldades que o Norte e Nordeste do estado enfrentam com o tema e, por consequência, são as regiões menos industrializadas.

O POPULAR mostrou que a Equatorial Goiás, empresa responsável pela distribuição de energia em todo o estado, foi considerada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a pior companhia de grande porte do País. A empresa tem justificado que, no fim de 2022, recebeu a rede degradada da antecessora, mas investiu mais de R$ 1,8 bilhão em 2023.

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