Na primeira reunião com todo o secretariado este ano, na manhã desta quinta-feira (25), o governador Ronaldo Caiado (UB) pediu para o grupo “não baixar a guarda” diante da boa aprovação popular do governo e afirmou que não tolera “desvios de comportamento ou falhas de caráter” na equipe. A fala ocorre em meio a episódios recentes de investigações de suspeitas de irregularidades e trocas de auxiliares em órgãos do governo.

Caiado destacou que restam menos de dois anos de sua gestão e admitiu buscar a candidatura à Presidência da República, mas disse que nem por isso descuida da gestão. A desincompatilização de pré-candidatos ocorrerá no início de abril de 2026, quando ele deixará o cargo para o vice-governador Daniel Vilela, do MDB.

Conforme já havia antecipado o Giro, o governador citou a pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 11, em que o governo de Goiás aparece com 86% de aprovação, e agradeceu o empenho dos auxiliares, mas disse que o índice não deve servir para acomodação ou desvio de foco no cumprimento dos compromissos de campanha.

Segundo relatos dos presentes, ele falou em necessidade de manter o “ritmo continuado” e o “brilho nos olhos como se fosse o primeiro dia de governo”, e ainda em “não tirar o pé do acelerador”. Admitiu que tem viajado mais a outros Estados, mas afirmou que compensa as eventuais ausências aos sábados e domingos e espera o mesmo empenho dos auxiliares. “Isso não vai tirar um minuto das minhas atenções ao governo”, garantiu.

O governador pediu definição de prioridades e entregas para os próximos dois anos, e ressaltou que não quer deixar obras inacabadas. Afirmou que a população goiana estará mais exigente diante dos atuais níveis de satisfação e que ainda há muito a realizar na gestão, depois de destacar desempenho positivo nas áreas de segurança pública, educação, saúde, economia e ações sociais. Segundo aliados, ele não quer que a gestão passe a ideia de que já caminha para o fim.

O governador solicitou ainda empenho dos auxiliares para superar entraves burocráticos e para correr atrás de ajuda para solucionar problemas e agilizar execução dos projetos. “Não vamos ficar parados esperando a divina providência. Sou católico, sei que santo ajuda, mas temos de fazer nossa parte”, brincou.

Já na conclusão do discurso, Caiado disse que uma das marcas de seu governo é o “respeito ao dinheiro público”. “Vocês me conhecem, sabem da minha correção e retidão. Não admito desvios de comportamento. E não existe secretário melhor que o outro nem ninguém garantido no cargo. Desvios de comportamento e falhas de caráter não têm segunda chance comigo”, afirmou.

Exonerações

Investigações sobre contratos, licitações e gastos provocaram trocas recentes de auxiliares na Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), na Polícia Militar e na Saneago. Apesar de exonerar servidores envolvidos nas suspeitas, o governo também fez substituições daqueles responsáveis por apurações internas, como o superintendente de Inteligência Integrada da Secretaria de Segurança Pública, Marco Antônio de Castro Guimarães, responsável por relatório de suspeitas de desvios em eventos dos colégios militares, e o gerente de Inspeção da Secretaria de Infraestrutura, Hélio Machado Filho, que produziu boletim de inspeção que apontou irregularidades em contrato da Goinfra para manutenção predial.

A reunião, no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, teve duração de 1h25, e apenas duas ausências justificadas: da secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andrea Vulcanis, e do diretor-geral de Polícia Penal, Josimar Nascimento, ambos em viagens oficiais.

Além de Caiado, discursaram o vice-governador, o secretário de Segurança, Renato Brum, e dois auxiliares nomeados recentemente no governo: o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Marcelo Granja, e o presidente da Goinfra, o general do Exército Antônio Leite dos Santos Filho.

Ao final, os secretários da Economia, Selene Peres, e da Casa Civil, Jorge Pinchemel, falaram de questões técnicas sobre orçamento, empenhos e projetos prioritários.

A reunião anterior com o secretariado havia ocorrido em setembro do ano passado, quando Caiado também pediu ritmo acelerado e que os auxiliares não deixassem se contaminar pelo clima das eleições municipais, mantendo o foco nas ações de governo.