Região Noroeste lidera incidência da dengue em Goiânia

Pelo menos um a cada 100 habitantes deste Distrito Sanitário terá a doença. SMS diz que distribuição de casos é multifatorial, com destaque para influência dos tipos de moradia
Por Jornal Daqui
Data: 28/03/2024
Dados coletados em 27/03/2024 – Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia

A Região Noroeste de Goiânia concentra a maior incidência de casos de dengue da capital. A taxa é de 1.398,5 casos por 100 mil habitantes no Distrito Sanitário Noroeste. Isso significa que pelo menos um a cada 100 habitantes da área vai sofrer com a doença. Bairros como a Vila Finsocial se destacam na quantidade de casos. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) aponta que a distribuição dos casos de dengue é multifatorial, com destaque para a influência dos tipos de moradia no cenário epidemiológico atual.

De acordo com o Boletim Epidemiológico de Arboviroses divulgado pela SMS nesta quarta-feira (27), a incidência da dengue em toda a capital é de 1.040,7 casos por 100 mil habitantes. A 12ª semana epidemiológica, entre os dias 17 e 23 de março, registrou 16,9 mil casos notificados, número 59,1% maior que os 10,6 mil casos notificados duas semanas antes, na 9ª semana epidemiológica, entre os dias 25 de fevereiro e 2 de março. A capital já acumula quatro óbitos pela doença e outros 16 suspeitos. Goiânia acompanha o contexto de Goiás, que vive uma epidemia de dengue.

A gerente de Vigilância de Doenças e Agravos Transmissíveis da SMS, Marília de Castro, explica que vários fatores podem fazer com que uma região tenha mais ou menos casos de dengue. Alguns deles são a presença de áreas verdes, hábitos dos moradores, recorrência de chuvas e o tipo de moradia. O diretor de Vigilância em Zoonoses da pasta, Murilo Mariano Reis, destaca que o Aedes aegypti é um mosquito adaptado ao meio urbano, que dá preferência a pequenos reservatórios de água para fazer a ovoposição.

Reis esclarece que as informações da epidemiologia são repassadas diariamente para a Vigilância em Zoonoses. “Assim, localizamos as residências dos pacientes positivos para dengue, para a aplicação de inseticidas na região, evitando que mais pessoas se infectem”, discorre. A Vigilância em Zoonoses também confecciona um mapa de calor para identificar o trabalho dos agentes nas regiões com mais casos.

O diretor relata que, historicamente, as regiões Noroeste e Sudoeste, a segunda com maior incidência da doença, são as mais afetadas pelos casos de dengue. “São regiões bastante populosas e com características de residências com quintais, o que facilita a quantidade de reservatórios de água. Sabemos que mais de 70% dos focos são encontrados dentro dos domicílios e são de fácil remoção”, diz.

Nesse contexto, um dos destaques da Região Noroeste é a Vila Finsocial, que tem pelo menos 365 casos prováveis de dengue. Segundo Reis, o bairro sempre apresentou muitos casos da doença. “Já fizemos muitas intervenções e havíamos conseguido controlar esses números, que voltaram a crescer neste ano”, comenta.

Distribuição

Tanto o diretor de Vigilância em Zoonoses quanto a gerente de Vigilância de Doenças e Agravos Transmissíveis da SMS concordam e destacam que a Região Noroeste não é a única a sofrer com a dengue em Goiânia. “A distribuição dos casos acontece em toda Goiânia. Não dá para dizer que tem uma região que está ‘confortável’ com o cenário epidemiológico atual”, detalha Marília.

Dentre os bairros de Goiânia com a maior quantidade de casos prováveis da doença, estão o Jardim América, na Região Sul, o Jardim Novo Mundo, na Região Leste, o Balneário Meia Ponte, na Região Norte, o Parque Atheneu, na Região Sudeste, e o Setor Sudoeste, na região de mesmo nome. Nesse sentido, Marília faz uma ressalva em relação ao fato de que apesar de existir um sistema oficial de notificação dos casos, nem sempre a parte com as informações do endereço de residência do paciente é preenchida, o que pode gerar subnotificações.

Essas informações epidemiológicas auxiliam no trabalho de assistência à saúde das pessoas com dengue e também do controle do vetor, que ocorre majoritariamente por meio da ação dos agentes de combate às endemias. Para guiar as ações da Vigilância em Zoonoses, também são levados em conta outros pontos, como o relatório de visitas dos agentes, localização e eliminação dos focos. “A população tem uma grande movimentação e nem sempre a residência do paciente foi o local de provável infecção”, esclarece Murilo.

Boletim

Além de atualizar os casos e óbitos por dengue em Goiânia, o mais recente Boletim Epidemiológico de Arboviroses trouxe informações sobre os sorotipos da doença em circulação na capital. Atualmente, são três: 1, 2 e 4. A predominância é do sorotipo 2 (50,8%), que costuma estar associado a casos mais virulentos da doença. A última vez que esse sorotipo foi prevalente na capital foi em 2020 (93,2%). No ano passado, a maioria dos casos foram do sorotipo 1 (56,5%).

O documento também revelou que o município registrou o primeiro óbito por chicungunha. No ano passado, a capital registrou quatro óbitos pela doença. Ao todo, já são 309 casos notificados da doença na capital e outros 263 confirmados. O número de notificações já representa pouco mais da metade dos 575 registrados em 2023.

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