
Inflação pressiona caixa das empresas e eleva pedidos de recuperação judicial

Com a inflação ainda pressionando custos operacionais, muitas companhias têm recorrido à recuperação judicial como uma tentativa de evitar a falência e reestruturar suas dívidas.
Dados recentes apontam um crescimento significativo nos pedidos de recuperação judicial no país, e analistas associam diretamente esse movimento à persistência da inflação e à dificuldade de acesso ao crédito.
De acordo com levantamento da Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial cresceram mais de 60% nos primeiros meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano passado. Apenas em março, foram registrados mais de 140 pedidos, o maior número mensal desde 2020, auge da pandemia.
A inflação tem sido apontada como uma das principais causas dessa escalada, uma vez que pressiona tanto os custos fixos como as variáveis das empresas, reduzindo margens de lucro e dificultando o equilíbrio financeiro.
Empresas de pequeno e médio porte têm sido as mais afetadas. Sem o mesmo poder de barganha das grandes corporações e com menor acesso a linhas de crédito com juros mais baixos, esses negócios sentem mais intensamente o impacto da alta nos preços de insumos, energia, transporte e folha de pagamento. Além disso, os juros elevados — mantidos assim como instrumento de controle da inflação — tornam ainda mais desafiador obter financiamento para manter operações ou investir em melhorias.
Com o aumento dos custos operacionais e a queda no consumo em diversos setores, muitos empresários enfrentam hoje uma situação financeira insustentável. A inflação tem desempenhado um papel central nesse cenário, ao corroer o poder de compra dos consumidores e elevar significativamente os preços de insumos e serviços essenciais para o funcionamento das empresas.
Esse contexto de pressão nos custos e retração na demanda cria as condições ideais para a elevação dos pedidos de recuperação judicial no país.
Outro fator que contribui para o crescimento desses pedidos é o encarecimento dos contratos de aluguel e insumos, reajustados frequentemente com base no IGP-M ou no IPCA — ambos pressionados pela inflação corrente. O aumento contínuo desses índices contratuais impacta diretamente o caixa das empresas, especialmente as que operam com margens apertadas e que não conseguem repassar integralmente esses custos aos consumidores.
A recuperação judicial, prevista na Lei nº 11.101/2005, é uma alternativa legal que permite às empresas em crise financeira apresentar um plano de reestruturação aos credores, com o objetivo de evitar a falência. Embora seja um recurso legítimo e, em muitos casos, eficaz, o aumento no número de pedidos também acende um alerta sobre a fragilidade da economia brasileira diante de pressões inflacionárias.
Setores como varejo, construção civil, logística e agronegócio estão entre os mais afetados. No varejo, por exemplo, o enfraquecimento da demanda, provocado pela perda do poder de compra da população, tem levado a uma onda de fechamentos de lojas e reavaliação de estruturas físicas. Na construção civil, os altos custos de materiais e mão de obra — agravados por repasses inflacionários — têm paralisado projetos e comprometido cronogramas.
Para especialistas, o controle da inflação é fundamental para reverter esse cenário. No entanto, políticas de contenção de preços exigem tempo para surtir efeito e, muitas vezes, enfrentam resistência por parte de setores produtivos e da própria população. Enquanto isso, as empresas seguem enfrentando um ambiente de negócios instável e desafiador, com decisões diárias que podem significar a sobrevivência ou o encerramento das atividades.
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