Falsa enfermeira presa após procedimento que deixou homem impotente fez curso com procurada pela Interpol, diz PC

Maria Silvânia Ribeiro da Silva e Luana Nadejda Jaime conseguiram registros no Conselho Regional de Enfermagem de Goiás com diplomas falsos
Por Jornal Daqui / O Popular
Data: 25/03/2025
Maria Silvânia Ribeiro da Silva é investigada pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor do Estado de Goiás (Reprodução/Redes sociais)

A falsa enfermeira Maria Silvânia Ribeiro da Silva, presa por causar lesões corporais graves em pacientes após procedimentos estéticos em clínica de Aparecida de Goiânia, disse à polícia que fez curso com Luana Nadejda Jaime que também se passava por enfermeira e é procurada pela Interpol pelo mesmo crime em uma clínica de Goiânia, segundo a Polícia Civil.

Nós fizemos uma fiscalização na clínica da Maria Silvânia que foi interditada pela vigilância sanitária em razão de diversas irregularidades e lá nós descobrimos que a professora dela era a Luana [...] A Maria Silvânia aprendeu a fazer os preenchimentos íntimos com a Luana. Ao longo da investigação nós identificamos que elas não podiam ser profissionais, muito menos ensinar esses procedimentos para outras pessoas, uma vez que elas não possuem a qualificação", explicou a delegada Débora Melo.

A defesa de Maria Silvânia disse que "assim que concluir os fatos irá manifestar".

O POPULAR entrou em contato com a defesa de Luana para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

O Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) disse que "como não se trata de profissional de Enfermagem, inscrito e regularizado neste órgão, cabe agora às autoridades o cumprimento da justiça e o andamento do processo confirme a legalidade'.

Entenda o caso

Luana e Maria Silvânia foram alvos da Operação Beleza Sem B.O da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor do Estado de Goiás (Decon) realizada na quinta-feira (20) para cumprir mandados de prisão contra elas. Porém, apenas Maria Silvânia foi localizada e presa. A delegada explicou que ambas se apresentavam como enfermeiras, mas os diplomas delas eram falsos.

"As investigadas usavam diplomas de enfermagem que foram comprovadamente falsos, o Coren-GO cancelou esses registros de enfermagem no ano passado, mas elas se apresentavam com aptas a realizar procedimentos estéticos invasivos, então pedimos as prisões preventivas", informou Débora.

Investigação

A investigação contra as duas começou em dezembro de 2024 após duas pacientes de Maria Silvânia terem complicações depois de procedimentos estéticos e serem internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). À época, as clínicas das duas foram interditas e os registros cancelados. No entanto, elas continuaram oferecendo os procedimentos estéticos nas redes sociais e fizeram novas vítimas.

"O paciente mais grave procurou a polícia para denunciar queperdeu a função do membro genital. Ele pagou R$ 4, 8 mil no preenchimento peniano [...] e alega que viu o procedimento nas redes sociais, buscou o procedimento para ter uma melhoria estética e a Luana disse que ia inserir ácido hialurônico. Logo após o preenchimento ele começou a ter problemas e buscou um médico. Ele fez uma ultrassonografia e era PMMA", afirmou a delegada.

Até o momento, conforme a Decon, quatro vítimas denunciaram Luana e duas denunciaram Maria Silvânia. A polícia acredita que o número é muito maior. "Elas vão responder por lesões corporais graves, induzir o consumidor ao erro, uma vez que elas se apresentam nas redes sociais possuindo uma qualificação técnica para realizar procedimentos invasivos que elas não têm, pela falsificação dos documentos públicos, executar serviço de alta periculosidade em desacordo com as autoridades administrativas e exercício ilegal da medicina. Somadas, todas essas penas superam 15 anos de prisão", informou a delegada.

PMMA

O POPULAR mostrou que o PMMA é um componente plástico com diversas utilizações na área de saúde e em outros setores produtivos. Ou seja, é uma matéria-prima com vários tipos de aplicações que vão variar de acordo com as formas de seu processamento e desenvolvimento.

As duas empresas fabricantes de PMMA voltado para preenchimento subcutâneo no Brasil disseram ser favoráveis a maior fiscalização e a devida punição para que pessoas não habilitadas parem de se passar por profissionais especializados, promovendo-se, muitas vezes, por meio das redes sociais.

"É urgente impedir que esses criminosos ofereçam o procedimento de preenchimento facial e corporal, ou qualquer outro procedimento, de forma ilegal e sem as condições de segurança necessárias, colocando, assim, a vida de pacientes em risco", afirmaram em nota.

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