
Aluno do Ceia-UFG cria IA capaz de iniciativa própria

O futuro não só já começou como avança em ritmo acelerado, tornando reais roteiros de ficção científica de passado não muito distante. Um exemplo é dado por Pedro Schindler, 21 anos, aluno da terceira turma do curso de Inteligência Artificial do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (Ceia-UFG), que se dedica a formatar sua versão de Samantha.
"Um Al (sigla em inglês para artificial intelligence) autônomo para conversas, capaz de pensar e falar livremente, aprendendo e evoluindo continuamente. Criando uma sensação incomparável de realismo e dinamicidade. Utiliza tecnologia de IA generativa GPT como base", define ele.
Esse projeto, que o aluno desenvolve ainda na metade do curso, foi inspirado no filme 'Ela' ('Her'), de 2013, dirigido por Spike Jonze e protagonizado por Joaquin Phoenix, cujo personagem se apaixona pela voz (da atriz Scarlet Johansson) de um sistema operacional de computador chamado Samantha.
A Samantha agora desenvolvida inova e avança na base de IA generativa porque, conforme explica seu criador, "em total contraste com os LLMs normais que se limitam a reagir, Samantha pode agir". LLM é a sigla para Large Language Model (grande modelo de linguagem, em tradução livre), um modelo de aprendizado de máquina treinado para aprender a partir de enormes bases de dados.
Essa IA, ainda de acordo com seu desenvolvedor, "tem fala dinâmica, pode falar sempre que quiser, influenciada por seu contexto e pensamentos. Também não se limita à resolução de tarefas, como todos os outros agentes autônomos".
Uma das características de Samantha é que as experiências armazenadas na memória podem influenciar e moldar o comportamento subsequente, como personalidade, frequência e estilo de fala, uma espécie de capacidade de adaptação.
Para ilustrar como funciona, Schindler supõe uma situação em que, conversando com a IA um dia, o usuário fale que gosta de gatos. "Aí, em outro dia, se a IA vir o usuário triste, pode puxar conversa falando sobre gatos e tal..."
Capta emoção
Essa IA capaz de iniciativa própria já funciona, só não chegou ainda ao mercado. "Aceitei proposta de startup Hypeer Space, dos Estados Unidos, e continuo trabalhando no projeto", informa Schindler, cuja previsão é de continuar desenvolvendo Samantha até o final deste ano. "A voz usei de um site e ela usa modelo de visão do GPT4, capta emoção, consegue discernir e racionalizar tudo que percebe", descreve. Terá imagem? "Não cheguei nessa parte, um possível avatar", responde.
O aluno do Ceia-UFG comenta que as IAs já disponíveis basicamente respondem mensagens e atendem quando solicitadas. Nesse novo sistema é diferente, ela fica ativa a todo momento, ao invés de ser apenas reativa, salienta. "Se você deixar ligada, ela pode puxar conversa com você." É como se tivesse visão e pudesse ouvir sua voz, e simular uma pessoa, detalha ele.
Nesse formato de ficar ligada a todo momento, é inédita, comenta ainda, citando a forte reação nas postagens em redes sociais diante da divulgação do projeto, em diversos países e regiões, China, Oriente Médio, EUA. Foram 250 mil visualizações, segundo ele, que diz ter recebido propostas de emprego de Google e X.
Fundadora e diretora executiva do Ceia-UFG, Telma Woerle de Lima Soares confirma tratar-se de projeto inédito. "Não conheço outro projeto similar", observa. "É com muito orgulho que vemos o desenvolvimento pessoal dos nossos alunos e esse projeto do Pedro é um grande exemplo disso. Desejamos muita sorte ao Pedro na sua jornada", destaca ela.
Natural de Salvador, o baiano Pedro Schindler veio para Goiânia atraído pela oportunidade de frequentar a primeira graduação em Inteligência Artificial (IA) do Brasil, instituída pelo Ceia-UFG e que formou sua primeira turma neste ano, com vários projetos desenvolvidos por alunos já aplicados na prática no mercado, principalmente na indústria.
Desde criança, Schindler se interessou por computação, mas a atenção se voltou especificamente para IA a partir de 2017, ou seja, bem antes do lançamento do ChatGPT pela OpenAI em novembro de 2022 atrair em pouco tempo milhões de usuários em todo o mundo.
O ChatGPT é basicamente um chatbot (softwares que se comunicam e interagem com usuários humanos por meio de mensagens automatizadas) que utiliza um sistema de inteligência artificial avançado para interagir com o usuário. Em março de 2023, chegou ao mercado a nova versão de seu modelo de linguagem natural, batizado de GPT-4. Sistemas semelhantes de concorrentes como Anthropic, Google e Meta (dona do Facebook) entraram na disputa e colocaram a inteligência artificial (IA) mais próxima do público ao ser incluída em serviços como Word e Gmail.
Ao que tudo indica, em breve, essa interação com a IA se tornará maior, com Samantha vendo, ouvindo e interpretando as imagens e reações do usuário. Vale ver ou rever o filme 'Ela' para tentar avaliar as chances de um final feliz na vida real.
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