
Paço rejeita metade ou mais do valor das emendas feitas por 18 vereadores

Dezoito vereadores de Goiânia tiveram metade ou mais do valor de suas emendas impositivas devolvido pela Prefeitura por impedimento técnico. No Orçamento de 2025, os parlamentares indicaram R$ 176 milhões para suas bases eleitorais - cerca de R$ 5 milhões para cada. O documento da Prefeitura chegou à Câmara na quarta-feira (7) e foi incluído no sistema da Casa nesta quinta (8).
O Paço Municipal rejeitou, ao todo, R$ 89 milhões em emendas, conforme revelado pelo Giro. A maior parte, R$ 82 milhões, era para a saúde. Os vereadores são obrigados a destinar 50% para esta área. Agora, a Câmara tem 30 dias para analisar o documento enviado pelo Paço Municipal e informar mudanças nas destinações.
O vereador que teve o maior valor devolvido foi Geverson Abel (Republicanos), de R$ 4,5 milhões, número que representa 90% do recurso indicado pelo parlamentar. Entre as emendas rejeitadas está uma R$ 2,4 milhões para a Associação Goiana Cidadania para Todos.
Em janeiro, reportagem do POPULAR mostrou ligação de Abel com a entidade, que funciona no Setor São Judas Tadeu, no mesmo endereço que já foi o escritório político do vereador. Além disso, a diretora da organização foi assessora do parlamentar e uma ata de assembleia da entidade tem familiares dele.
Ao rejeitar a emenda, a Prefeitura alegou "obscuridade do objeto quanto ao tipo de ação a ser realizada na área da saúde". Também há argumento de que, se a ação for para a saúde, não há possibilidade de a indicação ser acatada porque a instituição não tem documento que ateste que está contratualizada para prestação de serviços complementares ao Sistema Único de Saúde (SUS). Justificativa semelhante também foi citado na devolução de outras emendas.
A mesma reportagem de janeiro mostrou que a Associação Unidos pelo Bem-Estar Social (UBS) também funciona no endereço onde foi escritório de Abel. O vereador havia destinado R$ 1,9 milhão para a entidade, via Secretaria Municipal de Articulação Institucional e Captação (Secap), mas solicitou a devolução.
Abel afirmou que decidiu remanejar a emenda da Unidos pelo Bem-Estar Social, mas ainda não decidiu o novo destino. Quanto à Cidadania para Todos, o vereador defendeu que a associação está regular, mas admitiu a possibilidade de fazer mudanças em suas emendas de forma geral.
O parlamentar reiterou que suas indicações são feitas com transparência e não há qualquer tipo de irregularidade.
Relações
Outras destinações polêmicas também foram negadas. O Paço devolveu emenda de R$ 289 mil que Wellington Bessa (DC) havia indicado à Associação Brasileira do Bem-Estar Social e Preservação da Natureza (Abenat). O responsável pela organização é o presidente do DC, Alexandre Magalhães, conforme mostrou O POPULAR .
A Prefeitura também alegou "obscuridade" em relação ao tipo de ação a ser realizada e falta de documentação que prove que a organização está contratualizada para prestar serviços complementares ao SUS.
A reportagem entrou em contato com Bessa, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
Com a mesma justificativa, a Prefeitura ainda devolveu emenda de R$ 533 mil do ex-vereador Sandes Júnior (MDB) indicada à Associação Cooperar + Ação. O POPULAR mostrou, em março de 2025, que a entidade pertencia, até novembro do ano passado, ao líder do prefeito, Igor Franco (MDB). Sandes afirmou que recebeu o relatório pouco antes do contato feito pela reportagem e ainda irá avaliar o que fará sobre o tema.
O ex-vereador argumentou que não sabia da relação da entidade com Franco e que fiscaliza a aplicação de suas emendas.
Prioridade
Na LOA 2025, os parlamentares indicaram 95% das emendas impositivas para entidades sociais. O Giro mostrou que o Paço decidiu devolver mais de 60% das emendas que os vereadores tinham indicado para organizações na área da saúde. A justificativa para quase 90% dessas devoluções teve como base parecer da Procuradoria-Geral do Município (PGM), que aponta a necessidade de comprovar vínculo destas entidades com o SUS, por contrato ou convênio.
No entanto, há expectativa de que esta obrigatoriedade seja derrubada a partir da aprovação de projeto de lei, proposto pela Mesa Diretora. Segundo Igor Franco, a lista de emendas negadas, entregue à Câmara nesta semana, foi elaborada com base no parecer vigente. No entanto, diz o líder do prefeito, como maior parte das emendas foi devolvida por causa da questão de credenciamento no SUS, se a lei for aprovada , os vereadores poderão reenviar as indicações sem mudanças.
Negociação
Há pressão do prefeito Sandro Mabel (UB) para que vereadores usem a oportunidade de reorganizar a destinação das emendas para transferir parte dos recursos para a execução direta da administração (especialmente da saúde) e, assim, incrementar os recursos disponíveis para a Prefeitura aplicar em políticas próprias.
No entanto, vereadores demonstram resistência, usando o argumento de que já fizeram compromisso com entidades sociais. Os parlamentares também afirmam, sob reserva, que Mabel, primeiro, terá de demonstrar que conseguirá executar as emendas com celeridade. A principal alegação para o envio dos recursos para organizações sociais é a rapidez com que os benefícios chegam às bases.
"Existe trauma na Câmara sobre enviar (emenda) para fazer na gestão e não ser executado. O Sandro disse que emenda de vereador será prioritária. Vai executar dentro do ano", afirmou Franco. De acordo com o líder, existe "clamor" do Paço junto à Câmara. O líder teve R$ 2,2 milhões em emendas rejeitadas e disse que pretende remanejar R$ 1 milhão para a Prefeitura.
Juarez Lopes (PDT) está entre os vereadores que teve maior valor de emendas devolvidos, R$ 3,5 milhões. O parlamentar disse que vai analisar cada caso, mas destacou que as entidades para as quais destinou recursos já receberam recursos da Prefeitura e outros órgãos públicos.
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