Reposição de testosterona pode melhorar desempenho físico, mas requer cuidados

Procedimento prevê aumento da massa muscular e exige atenção e acompanhamento médico
Por O Popular
Data: 20/01/2025
A influenciadora Jaíny Vargas optou por fazer implante hormonal com reposição de testosterona (Wildes Barbosa / O Popular)

"Hoje, me sinto disposta, com mais energia e muito mais equilibrada, tanto no trabalho quanto nas minhas relações e treinos", conta a influenciadora Jaíny Vargas, de 30 anos. Antes de iniciar a reposição de testosterona, ela enfrentava uma rotina marcada por cansaço constante, falta de libido e dificuldades em manter o foco no trabalho e nos treinos. Após exames laboratoriais e uma conversa com o médico de confiança, ela optou pelo implante hormonal com reposição de testosterona. O resultado, segundo Jaíny, foi uma verdadeira transformação. "Minha testosterona, mesmo sendo jovem, sempre foi muito baixa", completa.

A reposição do hormônio, quando corretamente indicada, pode melhorar significativamente a qualidade de vida. No entanto, especialistas alertam que não há justificativa para repor se seus níveis não estiverem baixos. A médica endocrinologista Marília Zanier explica que os critérios para iniciar a reposição de testosterona variam de acordo com o sexo. Nos homens, os valores de testosterona abaixo de 300 nanogramas por decilitro são frequentemente indicativos de hipogonadismo, condição em que o corpo não produz uma quantidade suficiente de hormônios sexuais, enquanto nas mulheres não existe um valor estabelecido para reposição.

"A reposição de testosterona em mulheres é um tema muito mais restrito e quase nunca recomendada. A única exceção é para mulheres pós-menopausa com desejo sexual hipoativo, desde que atendam a critérios diagnósticos rigorosos", esclarece. No entanto, o uso de testosterona (ou "testo", como alguns se referem à substância) para fins estéticos, sem supervisão médica, apresenta riscos sérios.

Zanier destaca que o abuso do hormônio pode causar aumento excessivo de massa muscular, incluindo músculos cardíacos, levando a condições graves como insuficiência cardíaca, além de alterações no colesterol e risco elevado de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). "Em homens, o uso inadequado pode afetar até a fertilidade, pois a testosterona excessiva interfere na produção de espermatozoides", alerta.

O uro-oncologista e cirurgião robótico Frederico Moraes Xavier reforça a importância do acompanhamento médico no uso de testosterona, especialmente para homens com histórico de problemas prostáticos. "Antes de iniciar a terapia de reposição, é essencial avaliar a próstata, pois a testosterona pode acelerar o crescimento de um câncer já presente. Porém, em alguns casos, mesmo após tratamento de câncer de próstata, a reposição pode ser indicada, sempre com acompanhamento", explica.

Xavier ressalta que há também impactos da testosterona na fertilidade masculina. O uso do hormônio pode levar a azoospermia (ausência de espermatozóides) ou oligospermia (baixa contagem de espermatozóides), uma vez que ele interfere na função da glândula pituitária, responsável pela secreção de hormônios essenciais à produção de espermatozóides.

A saúde cardiovascular também deve ser monitorada de perto. O excesso de testosterona pode aumentar o risco de problemas como infarto e derrames. "Homens que fazem reposição hormonal precisam ser avaliados com regularidade para controlar os níveis de testosterona, hematócrito e PSA, além de monitorar sinais de risco cardiovascular", explica o médico. Sintomas como fadiga constante, insônia, alterações de humor e queda de libido podem ser indicativos de desequilíbrios hormonais.

Hormônio essencial

A testosterona é um hormônio fundamental para a saúde, desempenhando papéis importantes na regulação de processos metabólicos, manutenção da massa muscular e óssea, além de influenciar o equilíbrio emocional. Sua produção ocorre principalmente nos testículos nos homens e nos ovários e glândulas adrenais nas mulheres. Com o tempo, a produção desse hormônio pode diminuir, o que leva ao hipogonadismo, condição em que a reposição de testosterona pode ser indicada para tratar a deficiência.

O médico nutrólogo Ribamar Cruz explica que os sinais de hipogonadismo incluem redução da libido, fadiga, perda de massa muscular e alterações de humor. No entanto, ele reitera que nem todos os casos de baixos níveis de testosterona necessitam de reposição. A decisão de realizar o tratamento deve ser individualizada, e em mulheres, o uso de testosterona deve ser especialmente criterioso.

A reposição impacta a saúde óssea, mas os efeitos variam conforme o sexo e a idade. Para homens mais velhos, pode ser benéfica para a manutenção da densidade óssea, já que a testosterona auxilia na preservação da estrutura óssea. Porém, é fundamental que a reposição seja feita apenas após confirmação do hipogonadismo e com monitoramento adequado. Nas mulheres, a reposição de testosterona tem um impacto limitado na saúde óssea em comparação com o estradiol, que é o principal hormônio responsável pela preservação da densidade óssea durante e após a menopausa.

Testosterona ativa

Confira três dicas para ficar de olho

1. Sempre busque orientação médica antes de iniciar o tratamento.

2. Evite o uso para fins estéticos sem a supervisão adequada.

3. Acompanhe regularmente os níveis de testosterona e realize exames médicos periódicos.

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