Goiânia foi a capital que mais choveu em janeiro , segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com a meteorologista Elizabete Alves Ferreira, nesta primeira quinzena do mês o volume de chuva foi 30% acima do que o esperado para o total dos 31 dias. A segunda capital com maior registro de chuva foi Palmas, no Tocantins. "O acumulado quinzenal em Goiânia foi de 325,2 milímetros, o que significa 30% acima da média esperada para o mês de janeiro, que é de 249,2 milímetros", explicou a especialista.

A segunda capital com mais chuva ficou 50 milímetros atrás: a tocantinense Palmas, com 282,6 milímetros. Depois, vieram São Luís (263,8 mm), Belo Horizonte (184.7 mm) e Manaus (181.2 mm). Já é o janeiro mais chuvoso em Goiânia desde 2016, quando o mês foi fechado com 484,8 milímetros, de acordo também com o Inmet. Outro dado é que entre os dias 12 e 13 deste mês a capital também registrou a maior precipitação pluviométrica em 24 horas em quase 20 anos.

O volume recorde de chuva trouxe consequências: queda de árvores, ruas alagadas em vários bairros, enxurradas perigosas para pedestres, ciclistas e motociclistas, além de risco de interdição de uma das principais vias da cidade: a Marginal Botafogo , que teve deslizamentos de terra em quatro trechos -- dois deles no Viaduto Mauro Borges, sobre a Avenida A, entre o Setor Sul e o Jardim Goiás, na pista do sentido norte-sul.

A via recebeu especial atenção no segundo dia de atuação do Gabinete de Crise Climática, criado após as intensas chuvas do início da semana. A reunião pela manhã envolveu Defesa Civil municipal e estadual, Guarda Civil Municipal (GCM), Comurg, Bombeiros, Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) e Secretaria de Engenharia de Trânsito (SET). O grupo será coordenado pela Defesa Civil, com Robledo Mendonça à frente.

Uma das decisões tomadas sobre a Marginal Botafogo é uma varredura que será feita por técnicos da Seinfra para verificar processos erosivos e outros pontos de atenção. "Assim, estamos nos preocupando não só com o transbordamento do canal do córrego, mas também o ambiente como um todo -- as laterais, os muros de contenção etc.", explica Robledo. Ações também foram debatidas para a Rua 87, local frequentemente crítico em termos de alagamento e que, na terça-feira, novamente ficou em situação caótica, com um homem salvo de ser levado pelas águas com uma corda jogada e puxada por pessoas.

Vila Maria Rosa

Na região norte da capital, a Vila Maria Rosa, bairro erguido na planície de inundação do Ribeirão João Leite, também é motivo de preocupação. Segundo Robledo Mendonça, de 10 a 12 casas foram afetadas pelas águas nas chuvas recentes. Seus moradores chegaram a ficar desalojados, recorrendo momentaneamente a vizinhos, amigos e familiares, até o nível baixar. "Lá fizemos cadastro de moradores que são também lideranças locais para entrar em contato conosco em um canal rápido, para atuarmos de forma imediata caso haja necessidade".

A situação do bairro é semelhante à da Vila Roriz, vizinha ao Setor Urias Magalhães e construída às margens do Rio Meia Ponte no seu encontro com o Ribeirão Anicuns. Um muro foi erguido entre 2020 e 2021, paralelamente ao curso do rio, para atuar como dique. "Desde então, o programa é apenas de alagamento com as águas da enxurrada que desce, mas é repelida pelo volume alto dos mananciais", diz o coordenador da Defesa Civil, que credita os impactos menores no local também à limpeza periódica e ao combate ao descarte irregular de entulhos e resíduos, que era frequente naquele ponto.

Drenagem urbana

Nesta sexta-feira, a equipe do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia (PDDU-GYN), formada por profissionais da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenada pelo professor Klebber Formiga tem agenda no Paço Municipal. A pedido de Sandro Mabel (UB), eles vão apresentar e discutir o projeto com o prefeito e o secretariado, a partir das 16 horas. (Colaborou Kariny Bianca)

Defesa Civil divulga canais para população

No intuito de buscar garantir a segurança da população, o Gabinete de Crise Climática, como uma das primeiras medidas preventivas em caso de chuvas intensas, está informando o cadastramento para recebimento de avisos e alertas sobre riscos de desastres ou eventos adversos, em caso de temporais na cidade. A adesão é gratuita e pode ser feita em canais como o Telegram (grupo Defesa Civil Alertas), SMS (pelo código 40199) e WhatsApp, pelo número +55 (61) 2034-4611. Para acessar os órgãos, os contatos são 153 (Defesa Civil), 193 (Bombeiros), 190 (Polícia Militar) e 192 (Samu).

A pessoa interessada em se cadastrar deve enviar um SMS com seu CEP para o número 40199. Em seguida, receberá uma mensagem informando que o cadastro foi realizado com sucesso. Além do cadastro por SMS, como reforço, a pessoa também pode usar aplicativos como o WhatsApp e o Telegram para receber alertas da Defesa Civil.

Para o caso do WhatsApp, é necessário cadastrar o telefone (61) 2034-4611, seguir os passos das mensagens recebidas e, em seguida, enviar um "oi" para o robô. Com a primeira interação, o cidadão poderá compartilhar sua localização atual ou escolher qualquer outra do seu interesse. A partir daí, já será possível receber mensagens da Defesa Civil.

Previsão

Após dias seguidos de muita chuva, o fim de semana deve trazer um quadro mais ameno, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo a previsão, o tempo nesta sexta-feira (17) em Goiânia deve ter muitas nuvens com pancadas de chuva e trovoadas isoladas. Já no sábado, o site do instituto indica "possibilidade de chuva isolada", ainda com muitas nuvens.