Após prisão de Pollara, vereadores falam em tragédia anunciada

Nos bastidores da Câmara, predomina o tom de cautela enquanto não se descarta novos alvos de investigação do primeiro escalão da Prefeitura
Por O Popular
Data: 28/11/2024
Wilson Pollara (Reprodução / Secretaria Municipal da Saúde)

Após a prisão na manhã desta quarta-feira (27) do secretário municipal de Saúde , Wilson Pollara, em operação que investiga pagamentos irregulares na Prefeitura de Goiânia , vereadores se manifestaram sobre o caso durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Goiânia. Alguns parlamentares classificaram o episódio como uma 'tragédia anunciada' em meio à crise da Saúde na capital, enquanto outros cobraram transparência da gestão do prefeito Rogério Cruz (SD) e chegaram a comparar a prisão com o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal.

Além de Pollara, o secretário executivo da pasta, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro, Bruno Vianna Primoda, também foram presos, segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO). A investigação aponta para a concessão de vantagens em contratos, causando prejuízo para a administração pública, como também a existência de pagamentos irregulares, inclusive com omissão da ordem cronológica de exigibilidade. O POPULAR conversou reservadamente com vereadores que apontaram caráter "pirotécnico" da operação desta quarta-feira. Apesar de reconhecerem a gravidade da crise na saúde, alguns parlamentares acreditam que a prisão da cúpula da secretaria de Saúde terá efeitos limitados. Um vereador destacou que a possível falta de "robustez" em provas do MP poderia justificar o uso de uma prisão temporária, em vez de preventiva. Nos bastidores da Câmara Municipal, o tom de cautela predomina. Há uma avaliação interna de que um posicionamento oficial imediato poderia soar precipitado, uma vez que os desdobramentos da operação ainda estão em curso. Reforçando a necessidade de avaliar o cenário com prudência, fontes ligadas ao Legislativo não descartam que novos alvos dentro do primeiro escalão da Prefeitura de Goiânia possam surgir nas próximas semanas, entre eles o próprio prefeito Rogério Cruz.

A presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereadora Kátia Maria (PT), descreveu o caso como consequência de problemas já alertados há meses. "Na prestação de contas, a Prefeitura até agosto já gastou R$1,5 bilhão. A gente sabe o que foi folha de pagamento porque essa eles têm feito, porque é a legislação", afirmou em entrevista. "713 milhões não fica claro onde foram gastos, então tem ali uma má utilização do recurso público que precisa ser apurada porque Goiânia e a comunidade não podem ficar prejudicadas. É uma tragédia anunciada", prosseguiu a petista.

Para Kátia, a crise na gestão vem antes de Pollara, que assumiu a secretaria de Saúde em setembro do ano passado. "Vários desses problemas que a gente tem vem da gestão do Durval [Pedroso] e de uma equipe que está ali e de pessoas que serão investigadas", disse. A vereadora petista também criticou a falta de transparência na gestão por organizações sociais (OSs) na saúde municipal e estadual. Ela defendeu uma transição para a gestão direta do sistema. "Falta transparência, porque você não consegue acompanhar como foi aplicado o dinheiro da OS."

O vereador Paulo Magalhães (UB) disse que o atual prefeito "desistiu da prefeitura". Ele citou o fechamento do Ciams Pedro Ludovico como símbolo da precariedade do sistema. "A Saúde é coisa séria. O prefeito entregou a administração à própria sorte. Precisamos nos unir para salvar Goiânia do lixo e da escuridão", declarou na tribuna.

Fabrício Rosa (PT) comparou as prisões em Goiânia ao indiciamento de Bolsonaro e outras 36 pessoas pela PF em inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022 em uma trama para impedir a posse do presidente Lula (PT). "Hoje é um dia de prisão para ratos e ratazanas que geriram a Prefeitura de Goiânia. Vocês vão para o xilindró", disse.

O vereador Bill Guerra (MDB) destacou a prisão como resultado de falhas recorrentes na pasta e elogiou a atuação do Ministério Público. "Hoje foi provado que ele [Pollara] não conseguiu ser um bom secretário. Parabéns ao MP por mostrar que é possível fazer uma administração honesta. Infelizmente, precisou morrer pessoas para que algo fosse levantado", afirmou.

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