Cavalos como aliados na saúde: a nova aposta do HDT

Hospital de Doenças Tropicais começa a desenvolver ações de equoterapia com pacientes
Por O Hoje
Data: 01/10/2024
Durante a ação, os pacientes tiveram a oportunidade de interagir com a equipe da Cavalaria Montada da Polícia Militar de Goiás

Estresse, tensão e ansiedade são emoções comuns em pacientes submetidos à internação hospitalar, isso porque esses ambientes no geral são ‘opressores’ para os doentes que muitas vezes correm risco de morte. Um estudo divulgado pela revista Enfermagem Brasil mostra que o estresse é caracterizado por “alterações psicofisiológicas que ocorrem quando o indivíduo é forçado a enfrentar situações que estão além de suas habilidades de enfrentamento”.

Pensando na saúde e conforto de seus pacientes, algumas unidades de saúde de Goiás têm apostado na equoterapia ou terapia assistida por cavalos, para aliviar o estresse dessas pessoas. É o caso do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), que começou a desenvolver ações com a presença de animais.

Durante a ação, os pacientes tiveram a oportunidade de interagir com a equipe da Cavalaria Montada da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) para um momento de equoterapia, no espaço de convivência da unidade. A égua Luziânia entregou carisma e promoveu descontração no ambiente.

Para Damiana Maria da Silva, de 51 anos, que nunca havia ficado internada em hospitais, esta é uma experiência assustadora. Mas a interação com o animal fez toda a diferença. “Eu queria que todo mundo viesse se tratar aqui”, diz a lavadeira, enquanto elogia a unidade e o corpo de profissionais.

“É gratificante a gente ficar aqui no hospital e ter alguma coisa assim diferente, que a gente participe, isso é muito bom, deveria ser mais vezes aqui”, acrescentou. Damiana está internada no HDT há dois meses devido a uma infecção por bactéria na unha que evoluiu para uma bolhosa doença que provoca a formação de bolhas na pele por conta de mínimos atritos ou traumas.

A mulher que guarda boas lembranças da infância de quando montava nos cavalos da família, não teve coragem de montar na Luziânia. “Já faz muito tempo que eu andei de cavalo e agora eu tenho medo de altura. A gente vai envelhecendo e vai ficando diferente”, brinca. A interação ficou por conta apenas de carinhos.

Damiana deve passar por mais exames no HDT para avaliar seu estado de saúde. Ela ainda não sabe quando receberá alta hospitalar. Enquanto isso, conta com membros da família para cuidarem do negócio de lavanderia.

“A minha filha e minha irmã, e o meu marido, eles estão lá cuidando da lavanderia”, comentou.

Tainara Fagundes, gerente operacional interina e coordenadora do setor de qualidade e segurança do paciente no HDT, explica que a ação foi motivada pelo fato de o mês de setembro ser o período onde ocorre o Dia Mundial da Segurança do Paciente, lembrado no dia 17. “Nesse dia, promovemos ações relacionadas à segurança do paciente.

Dentre essas ações, um ponto em que nos preocupamos muito é a experiência do paciente, que é um dos braços da segurança dele”, comenta.

Além das ações voltadas para os pacientes, também são realizadas atividades para os colaboradores, seguindo as metas internacionais de segurança do paciente, como a identificação correta dos pacientes, a prevenção de quedas, a prevenção de lesão por pressão, a prescrição correta de medicamentos e a aplicação de protocolos de cirurgia segura.

Ação como benefício

Em relação à equoterapia, a coordenadora explica que a ação foi pensada para beneficiar tanto os pacientes adultos quanto os pediátricos, considerando que o hospital é um ambiente onde eles não gostariam de estar e só estão ali para tratar suas doenças e aliviar suas dores.

“Por isso, procuramos criar momentos de leveza e descontração, proporcionando um ambiente mais agradável, onde o tratamento possa ser realizado de maneira mais tranquila, mesmo em um contexto que poderia ser mais pesado”, afirma.

Em sua grande maioria, os pacientes internados no HDT são portadores de doenças infecciosas e dermatológicas.

“Recebemos pacientes com diversas condições dermatológicas, como erisipela, e com doenças infecciosas, como tuberculose, HIV e dengue”, detalha a coordenadora.

Esta é a primeira vez que a unidade de saúde faz esse tipo de ação. “Já tínhamos o desejo de implementar essa atividade, porque vimos o sucesso dessa terapia em outras unidades, como no CRER, que já possui esse serviço bem estruturado”, comentou.

Equoterapia transforma vidas e promove bem-estar

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo por meio de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou com aquelas que possuem necessidades especiais.

Durante a terapia, os pacientes podem interagir com os cavalos. Além de acariciar os animais, os pacientes podem montar e dar uma volta no jardim da unidade de saúde.

A equoterapia tem como base os padrões de movimentos rítmicos e repetitivos da marcha do cavalo, sendo uma forma de reabilitação baseada na neurofisiologia. De acordo com o MS, ao caminhar, o centro de gravidade do cavalo é deslocado tridimensionalmente, resultando em um movimento similar ao da marcha humana com movimentos alternados dos membros superiores e da pelve.

Durante esse processo, há uma integração sensorial entre os sistemas visual, vestibular e proprioceptivo e envio de estímulos específicos às áreas correspondentes no córtex, gerando alterações e reorganização do Sistema Nervoso Central.

A interação com o animal, desde os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final ajudam a desenvolver novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima. Assim, a equoterapia emprega o cavalo como agente promotor de ganhos em nível físico e psíquico.

Os benefícios para os pacientes incluem a redução do estresse, a melhora no tratamento, o aprimoramento do prognóstico e a aceitação do diagnóstico. “Temos pacientes vivendo com o HIV, e essa interação ajuda na aceitação do tratamento e no convívio com o vírus. Esses são os resultados que esperamos alcançar aqui também”, finaliza Tainara Fagundes.

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