
Sintomas podem confundir diagnóstico das hepatites virais

As hepatites virais são doenças infecciosas que têm, muitas vezes, manifestações clínicas distintas. Além disso, as doenças infecciosas são em sua grande maioria assintomáticas, ou seja, o paciente não apresenta sintomas. A explicação é da médica infectologista do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), Christiane Kobal.
De modo geral, os pacientes com hepatites virais apresentam um quadro de febre, mal estar, vômito e dor abdominal. A doença é detectada após consultas e exames capazes de fazer um diagnóstico preciso. Kobal reforça que nem sempre os infectados ficam ictéricos - condição em que o corpo acumula excesso de bilirrubina, um pigmento amarelo produzido pela quebra de hemoglobina - e ficam amarelos.
As hepatites virais mais comuns no Brasil são causadas pelos vírus A, B e C. O vírus da hepatite D, que costuma ser mais comum na região Norte do país, possui uma menor frequência. Além disso, tem o vírus da hepatite E, que ainda é menos frequente no país, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.
Em relação aos casos assintomáticos que estão associados à hepatite B e C, muitas vezes esse paciente só descobre a doença ao precisar eventualmente fazer um exame de sangue, um check up, ou exame pré-natal no caso das grávidas.
A infectologista explica que isso é um problema uma vez que geralmente as hepatites B não são curadas de forma espontânea em pelo 10% dos casos em adultos. Esse percentual é ainda maior na hepatite C, ou seja, cerca de 60% dos casos em adultos não são curados espontaneamente.
Nesse caso, a doença causada por esses vírus são chamadas de crônicas e podem evoluir para duas complicações graves como é o caso da cirrose hepática e o câncer de fígado. Existem medicações para essas enfermidades, mas se não forem descobertas cedo, o quadro pode ser irreversível, segundo a médica.
“Às vezes o paciente descobre muito tarde quando já está cirrótico ou com o câncer de fígado”, lamenta Kobal ao lembrar da importância da conscientização e combate às doenças virais. “Nós incentivamos as pessoas a fazerem um exame simples de sangue para saberem se estão contaminadas com o vírus ainda na fase precoce para que nós possamos iniciar o tratamento”, salienta.
A hepatite C é tratada com cinco medicamentos disponíveis na rede pública de saúde que oferecem cura. Em contrapartida, a medicação usada no tratamento da hepatite B, serve apenas para manter o vírus sob controle e com isso diminuir o risco do paciente ter complicações mais graves.
De modo geral os medicamentos são antivirais orais, segundo a infectologista. “No caso da C o paciente vai tomar uma medicação oral durante três meses e tem uma chance de mais de 99% por cento de ficar curado de forma definitiva. Na hepatite B o paciente também vai tomar essa medicação no período que foi indicado pelo médico”, explica.
A forma de prevenção é por meio da vacinação. No caso da A, a vacina é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção. Além disso algumas medidas também podem evitar a infecção, como lavar as mãos com frequência, utilizar água tratada, cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, lavar adequadamente as louças, usar preservativos e higienizar as regiões íntimas antes e após as relações sexuais.
A vacina também é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, além das medidas de higiene. Além disso, a profilaxia para a criança recém- nascida reduz drasticamente o risco de transmissão vertical. É importante ainda que as mulheres grávidas ou que tenham intenção de engravidar façam a testagem para prevenir a transmissão da mãe para o bebê.
Para a hepatite C não existe vacina, mas para evitar a infecção é importante seguir as mesmas medidas de restrições citadas acima. “A hepatite C infelizmente nós não temos vacina e o cuidado pra que você não pegue é principalmente o uso de preservativos durantes as relações sexuais”, comenta a infectologista.
Julho Amarelo luta contra tipos virais da doença
No próximo dia 28 de julho é comemorado o Dia Mundial da Luta contra as hepatites virais. A campanha Julho Amarelo celebra as ações de vigilância, prevenção e controle dessas doenças. Cerca de 254 milhões de pessoas em todo o planeta são portadoras de hepatite B, e aproximadamente 50 milhões têm a hepatite C, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relativos a 2022.
Em Goiás, dados da Secretaria de Estado da Saúde (SESGO) mostram que entre 2019 e 2023, foram confirmados 3.430 casos de hepatites B e C. Desses, 1.688, o que representa 49,2%, são hepatite B e 1.742, equivalente a 50,8%, hepatite C.
Claudia de Gouveia Franco, enfermeira da coordenação de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), da Suvisa/SES, comenta que principalmente nesse período, a SES-GO busca orientar sobre a prevenção, importância do diagnóstico e dos tratamentos.
A enfermeira reforça a referência do Ministério da Saúde que pede que todas as pessoas sejam testadas pelo menos uma vez na vida, principalmente para hepatites B e hepatite C. “Desde o ano de 2013 os testes rápidos para a triagem de hepatite B, hepatite C, HIV e Sífilis foram incorporados no Sistema Único de Saúde (SUS) e estão disponibilizados em todas as unidades básicas de saúde de Goiás”, reforça.
Durante este mês de julho, a SES realiza campanhas e mobilizações nos municípios goianos, a fim de alertar a população sobre a gravidade da doença que muitas vezes se apresenta de forma silenciosa e só apresenta sintomas já em estágio avançado.
“Para a hepatite B, nossa principal arma é a vacinação, então nós temos vacina, e a hepatite C nós temos o tratamento, disponibilizado pelo SUS”, afirma.
Franco orienta que as pessoas que ainda não foram vacinadas, independente da idade, procurem um local de vacinação para tomar o imunizante que está disponível no SUS dentro das estratégias de saúde da família, nos 246 municípios.
“Os bebês recebem a primeira dose da vacina ainda na maternidade e fazem o seguimento junto com a unidade mais próxima da sua residência”, explica a enfermeira.
Conheça os tipos de hepatites virais
- Hepatites A e E: transmitidas por via oral-fecal, estão relacionadas às condições de saneamento básico, higiene pessoal, contato sexual desprotegido (contato boca-ânus) e qualidade da água e alimentos.
- Hepatite B: Transmitida verticalmente (de mãe para filho durante a gestação ou parto) e por compartilhamento de materiais contaminados, como agulhas e objetos não esterilizados. A hepatite D ocorre frequentemente em coinfecção com a B. Na hepatite B, 20% a 25% dos casos crônicos evoluem para uma doença hepática avançada (cirrose e hepatocarcinoma).
- Hepatite C: Transmitida principalmente por contato com sangue contaminado, como uso compartilhado de agulhas. Pode levar a formas graves como cirrose hepática.
- Hepatite D: Depende da presença do vírus da hepatite B para se manifestar, resultando em forma crônica em poucos casos.
- Hepatite E: Similar à hepatite A na transmissão oral-fecal. No entanto, a forma crônica da infecção pelo vírus da hepatite E é rara, reportada em indivíduos que apresentam imunossupressão (diminuição da resposta imune devido ao uso de algumas medicações).
Fonte: Ministério da Saúde
Mais Notícias
Esteja sempre atualizado sobre os principais acontecimentos


Marcha para Jesus é conduzida em clima de festa em Goiânia
Evento cristão realizado na tarde e na noite desta quinta-feira reuniu centenas de milhares de cristãos, entre crianças, jovens, adultos e idosos. Público agradece e pede bênção Saiba mais
Menos da metade dos goianos já entregou a declaração do Imposto de Renda, diz Receita Federal
Neste ano, segundo órgão, contribuinte que quiser entrar no primeiro lote de restituição do Imposto de Renda precisará enviar a declaração até 9 de maio; confira lista de grupo prioritários para reembolso de valores Saiba mais