
Rebanho é monitorado por IA para melhoria no manejo

A inteligência artificial (IA) já está sendo usada para facilitar práticas de manejo, reduzir perdas e melhorar os ganhos na pecuária de corte. Uma fazenda goiana está implantando um sistema especial de rastreamento de todos os seus 200 animais da raça nelore, que vai monitorar o comportamento dos bovinos em tempo real. Um dos principais objetivos é identificar, com antecedência, possíveis problemas de saúde, elevando a produtividade da pecuária.
Num contexto de queda de preços e alta de custos, que aumenta a necessidade de eficiência, a Agropecuária VR, do pecuarista Victor Ribeiro, resolveu investir no sistema batizado de InstaBov, criado pela startup gaúcha de mesmo nome e baseado em GPS (Global Positioning System). No início de junho, técnicos da empresa gaúcha começaram a instalar os equipamentos que compõem o kit de operação do InstaBov nos animais da fazenda.
Inicialmente, 23 vacas selecionadas receberam colares com transmissores GPS. Também foi instalada, em área estratégica da fazenda, uma antena de transmissão de dados que cobre um raio de 10 quilômetros. Mas Victor Ribeiro informa que, até a primeira quinzena de julho, todos os 200 animais estarão com os colares de monitoramento. Ele conta que optou pelo sistema pela facilidade e eficiência no controle do rebanho. "O ser humano é muito falho no acompanhamento do animal em campo. Com o dispositivo, o acompanhamento é 24 horas e com alta precisão", diz.
O equipamento faz rastreamento e um acelerômetro monitora os movimentos do animal. "O colar fica no pescoço do bovino. Se ele abaixa a cabeça para pastar, o sistema registra. Isso forma uma base de dados sobre sua rotina e comportamento", destaca o pecuarista, que fez contrato por cinco anos com a empresa, ao custo de R$ 10 por animal ao mês.
O retorno virá na prevenção do tratamento de saúde dos animais e na economia com a mão de obra necessária para fazer acompanhamento deles em campo. "Hoje, um funcionário básico custa R$ 3 mil mensais, com as despesas trabalhistas, o que é suficiente para monitorar 300 animais pelo sistema. Além disso, um trabalhador não consegue acompanhar este volume de animais 24 horas por dia", lembra Ribeiro.
Para ele, o sistema representará um grande salto para a gestão do rebanho, pois qualquer anomalia do animal, como uma movimentação menor, vai gerar alerta para fazer uma verificação in loco. "Ele pode estar com uma febre ou com algo preso na pata", alerta. O rebanho da Agropecuária VR será o primeiro de Goiás com monitoramento pelo sistema e o primeiro no Brasil 100% monitorado.
Tecnologia
Mestre em Ciência da Computação e envolvido no meio acadêmico, o pecuarista aposta nos benefícios de trabalhar com pesquisa para melhorar o sistema e ter melhores resultados na produção. "Esse é um caminho sem volta. Temos que utilizar cada vez mais a tecnologia para atingir melhores resultados. Assim como já estamos vendo em outras áreas, a IA vai impactar fortemente a pecuária e quem estiver preparado certamente vai colher o lucro disso lá na frente", prevê.
Para o proprietário da Agropecuária VR, o mais importante na atividade hoje é cuidar da saúde do animal, já que cada exemplar do plantel tem alto valor de mercado. O sistema possibilita, por exemplo, identificar se há alguma anormalidade, se uma vaca está em cio ou se um touro está cobrindo a pasto. "Além de um controle muito maior do patrimônio, o InstaBov permite novas pesquisas com base nos dados que o sistema coleta", ressalta Ribeiro. Esta possibilidade atraiu o interesse de pesquisadores da Embrapa Cerrados e da Universidade Federal de Goiás (UFG) pelo sistema de rastreamento.
O CEO da InstaBov, Fernando Moraes, lembra que os colares colocados nos animais mostram se eles fugiram, se estão há muito tempo parados, o que pode indicar alguma enfermidade ou se um touro cobre uma vaca. Segundo ele, o sistema entregará informações para o produtor que ele só teria se tivesse uma pessoa 24 horas por dia olhando o rebanho a pasto. "Olhamos o animais a cada 10 minutos, onde estão e o que estão fazendo. A meta é entregar informações que vão ajudar no manejo, a ganhar peso, aumentar a taxa de prenhez e evitar doenças numa vaca PO de alto valor", explica.
O comportamento animal será monitorado diariamente, sabendo onde ele está ou quantos passos deu, desenhando um padrão comportamental. "Sempre que este padrão se modifica, algo pode estar acontecendo", alerta Moraes. A ideia é orientar previamente sobre animais que estão mudando seu status de saúde para tratá-los previamente e recuperá-los rápido, evitando grandes perdas.
Mas é impossível acompanhar os animais o tempo inteiro em grandes áreas. "Nossa antena tem alcance médio de 10 a 15 quilômetros, o que permite fazer até a contagem todos os dias. Além disso, a mão de obra também está difícil e é preciso ganhar tempo. De manhã, ao invés de montar num cavalo, é só abrir o aplicativo do celular", diz o CEO.
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