
Recurso para a Comurg terá queda de 65% a partir de junho

A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) deve receber R$ 137,1 milhões da Prefeitura de Goiânia entre junho e dezembro de 2024, média mensal de R$ 19,5 milhões. O número representa queda de 65% em relação à média de R$ 56,7 milhões por mês que a empresa pública pode receber atualmente (o valor é o teto, mas o pagamento pode ser menor por ter relação com o serviço realizado).
A redução dos repasses está programada por causa do início da atuação do Consórcio Limpa Gyn, que assumirá serviços de coleta de resíduos urbanos, coleta seletiva, remoção de entulho e varrição mecanizada (substituirá parte do trabalho manual), que atualmente são prestados pela companhia. O contrato em vigência da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) com a Comurg é de R$ 681,5 milhões por ano.
O POPULAR mostrou que haverá transição gradativa dos serviços entre a Comurg e o consórcio ao longo de dois meses. A expectativa é que as atividades previstas em contrato estejam totalmente com a terceirizada até 24 de junho.
A reportagem questionou a Prefeitura e a Comurg, entre outros pontos, sobre dados de queda do repasse e se o novo valor que a companhia receberá será suficiente para manter serviços que continuarão sob sua responsabilidade. A Prefeitura não respondeu. Já a Comurg informou em nota que a “transferência dos serviços ainda não ocorreu e somente após a conclusão da transição com o Consórcio Limpa Gyn será possível determinar os valores que deixaremos de gastar com despesas dos serviços referidos e também de receber da Prefeitura”. A empresa disse que continuará a realizar atividades como urbanização e construção de praças.
No cenário atual, Goiânia passa por mais uma crise do lixo, com acúmulo de resíduos pela cidade. A companhia já havia informado ao POPULAR que o problema foi resultado do aumento no tempo de deslocamento dos caminhões, por causa da interrupção das operações na estação de transbordo, localizada nas proximidades da GO-020. O espaço foi embargado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) após se transformar em um lixão a céu aberto. A companhia também justificou que chuvas intensas colaboraram para o atraso na coleta.
Também por nota, a companhia informou que começou nesta quinta uma força-tarefa para regularizar a coleta orgânica até domingo. Segundo a empresa, a ação acontece nas regiões Leste, Oeste e parte da Noroeste até sexta (19). No fim de semana, as equipes estarão nas regiões Norte, Sul e Sudoeste, “garantindo a normalização de todas as pendências”. De acordo com a Comurg, na segunda-feira (22), a cobertura da coleta orgânica volta à normalidade.
Pressão
Os problemas de coleta de lixo e a terceirização do serviço têm provocado reações negativas entre vereadores da base e da oposição durante as sessões na Câmara ao longo desta semana. Anderson Sales (MDB), vereador da base, afirmou na sessão de quarta-feira (17) que o problema deve ser solucionado se a gestão der “condições para que os garis exercitem seu trabalho”. “Fica pairando no ar uma dúvida que parece que quanto pior melhor para a terceirização”, disse o emedebista.
Sales fez elogios ao prefeito Rogério Cruz (SD), mas apontou que o problema do lixo pode “apagar” o trabalho que está sendo feito pelo chefe do Executivo. “Se a Prefeitura vai mal na coleta de lixo, tenho certeza que os senhores têm recebido no WhatsApp e nas redes sociais cobranças”, afirmou Sales.
Izídio Alves (DC) também defendeu o investimento em equipamentos para os servidores da Comurg. “Se tiver o maquinário, o trabalhador da Comurg consegue tirar o lixo de Goiânia. Ele não dá conta de tirar nas costas”, afirmou. Alves é membro da base e servidor da Comurg (um dos principais representantes da categoria na Câmara).
Vereadora de oposição, Kátia Maria (PT) chamou a situação de “crise programada”, citando suposta relação de problemas de coleta de lixo com a medidas administrativas ligadas à Comurg, mas fez defesa do trabalho desempenhado pelos servidores.
Demanda
Na sessão desta quinta (18), o servidor Luciano Nascimento usou a tribuna livre da Câmara para falar em nome dos trabalhadores da companhia. Nascimento fez críticas à terceirização e demonstrou que a principal preocupação da categoria é com a possibilidade de demissão.
“Nossa demanda hoje é que a Prefeitura absorva essa mão de obra e passe todos os trabalhadores para o regime estatutário (hoje são contratados por CLT). É viável, é possível, é legal”, disse. Nascimento também citou a necessidade de “acabar com as mazelas que acontecem na companhia”. “Cada gestão aparece um escândalo. Chega de escândalo. Se tivermos uma gestão séria, nunca vamos precisar terceirizar”, disse o servidor.
Ao POPULAR, Cruz afirmou que conhece a preocupação dos servidores da Comurg e destacou que “não há nenhum interesse em mandar ninguém embora”. Segundo o prefeito, há tratativa do jurídico da Comurg e da Prefeitura para acordo junto à justiça do trabalho para que os celetistas sejam aproveitados nos serviços da própria companhia. (Colaborou Rubens Salomão)
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