Governo de Goiás vê queda de cautelar como vitória em processo sobre OSCs

PGE acredita que decisão do TJ que invalidou liminar de conselheiro faz pressão para posição do TCE favorável a contratações
Por O Popular
Data: 09/02/2024
Procurador-geral do Estado, Rafael Arruda: quem fala em caráter final e definitivo é o Judiciário (Divulgação PGE)

A 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) cassou, por unanimidade, em julgamento realizado nesta quinta-feira (8), a cautelar do conselheiro Edson Ferrari, do Tribunal de Contas de Goiás (TCE-GO), que havia sustado os chamamentos públicos da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) relacionados à seleção de organizações sociais civis (OSCs) para a gestão de quatro hospitais estaduais. O relator foi o desembargador Sebastião Luiz Fleury.

Para o procurador-geral do Estado, Rafael Arruda, a decisão do colegiado firma entendimento favorável ao posicionamento do governo sobre a legalidade da inclusão de OSCs em seleções como esta. Mesmo sem efeito prático, o resultado do julgamento foi visto como vitória pelo governo de Goiás porque pode influenciar a decisão do TCE, que vai reexaminar em fevereiro a decisão sobre a gestão de hospitais por OSCs.

O objeto do julgamento desta quinta-feira no TJ-GO foi a cautelar de Ferrari. No entanto, no dia 14 de dezembro, o TCE-GO tomou decisão de mérito, em que a maioria do tribunal, 4 votos a 2, foi contrária à inclusão de OSCs na seleção para hospitais. Em nota, o TCE-GO afirmou que a questão da cautelar já perdeu o objeto no tribunal de contas, uma vez que já ocorreu a decisão sobre o mérito no processo.

“Assim, a decisão do TJ não repercute no processo em curso na Corte de Contas. De todo modo, a decisão de mérito do TCE encontra-se suspensa, pois existe recurso em trâmite sob a relatoria do Conselheiro Helder Valin”, diz a nota do TCE-GO.

O texto do tribunal de contas faz referência ao pedido de reexame feito pelo governo de Goiás contra a decisão que anulou os chamamentos para a gestão dos hospitais. O recurso foi acatado no dia 16 de janeiro pela direção do TCE-GO e teve efeito suspensivo. A medida permitiu que a SES retomasse os processos de chamamento ainda no dia 23 de janeiro.

O POPULAR mostrou que na mesma data foram publicados os resultados das seleções dos hospitais de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), de Aparecida de Goiânia Caio Louzada (Heapa) e de Santa Helena de Goiás Dr. Albanir Faleiros Machado (Herso). A organização social Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), de Minas Gerais, foi a primeira colocada nas três seleções.

Pressão

Arruda afirma que, com o julgamento desta quinta, o TJ-GO fixa o primeiro precedente na matéria. “O TCE vai julgar o pedido de reexame que está com Helder Valin. Fica a pergunta: o TCE pode até julgar diferente do Judiciário, mas qual o efeito prático? Como há precedente judicial e quem fala em caráter final e definitivo (é o Judiciário). Veja a importância do julgamento de hoje. O Judiciário goiano estabeleceu que o modelo de gestão com base na lei nº 13.019 (Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, lei federal que o estado usa) é válido e constitucional. É uma grande vitória”, diz o procurador-geral.

A decisão de mérito tomada pelo TCE-GO no dia 14 de dezembro contra a inclusão de OSCs no chamamento de gestão para hospitais foi o ponto de partida de crise institucional envolvendo o tribunal de contas, o governo do estado e a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). O POPULAR mostrou as reações do governador Ronaldo Caiado (UB), que incentivou nos bastidores a aprovação de uma lei para que a** Assembleia julgue as contas do TCE-GO**. Caiado também chegou a suspender cessão de servidores ao tribunal, mas recuou.

A lei foi questionada pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator do processo é o ministro André Mendonça, que promoveu audiência de conciliação na terça-feira (6). Houve avanço de diálogo, mas reportagem do POPULAR mostrou que um acordo para uma nova lei que trata sobre fiscalização do TCE-GO esbarra na posição contrária da Atricon.

Na época da decisão de mérito do TCE-GO, o Giro mostrou que o posicionamento sinalizava para posição que os conselheiros podem tomar em outro processo, que trata sobre a legalidade do contrato de construção e gestão do Complexo Oncológico de Referência (Cora), feito com uma OSC, a Fundação Pio XII. Neste caso, não houve chamamento ou licitação. A construção do hospital é uma das principais obras do segundo mandato de Caiado.

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