Goiás registra mais de 60 mil casos e 25 mortes por dengue em 2023
A dengue, doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave, dependendo do vírus envolvido, infecção anterior pelo vírus da dengue e fatores individuais como doenças crônicas, é considerada um dos principais problemas de saúde pública em Goiás, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO). Desde janeiro deste ano, o estado já registrou um total de 60.394 casos confirmados e 25 mortes em decorrência da dengue.
Com a chegada do período chuvoso, aumentam as preocupações dos profissionais de saúde, apesar do número de casos deste ano ser menor do que o de 2022, quando esse número chegou a 189.074 casos e 184 mortes no estado. A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, destaca que houve uma redução de 60% nos casos de dengue, quando comparado com o mesmo período do ano passado. “Mas isso não é uma situação que nos deixa tranquilos, porque sabemos que a ocorrência de epidemias acontece em ciclos”.
De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), o período chuvoso deve começar no próximo mês. Nesta época do ano, é importante ficar mais atento ainda aos locais que podem acumular água parada, onde os mosquitos podem se proliferar. “Os ovos do Aedes podem ficar até um ano, um ano e meio na natureza, aderindo a algum tipo de objeto, só esperando água. Quando vêm as chuvas, ali pode se transformar em criadouros e em apenas sete dias já se transformar em um mosquito adulto”, salienta o coordenador de dengue, zika e chikungunya da SES-GO, Murilo do Carmo.
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A fêmea do mosquito Aedes aegypti é a transmissora da doença, que pode ser fatal para algumas pessoas, segundo o infectologista Marcelo Daher, como é o caso da dengue hemorrágica, que ocorre quando o sistema imunológico da pessoa apresenta uma reação exacerbada à presença do vírus. O especialista pontua que não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento.
No geral, a enfermidade se manifesta de forma leve ou assintomática, mas uma em cada 20 pessoas pode desenvolver a forma grave – outro termo para se referir à dengue hemorrágica – segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Além disso, o Instituto Butantan, destaca que o risco é maior quando o indivíduo sofre uma segunda infecção.
Segundo Daher, uma segunda infecção pode ocorrer devido à existência de quatro subtipos do vírus. São eles: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Os principais sintomas são febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, dor ao redor dos olhos e dores musculares e nas articulações. Depois de três a sete dias do início dos sintomas, quando a febre começa a baixar, o paciente pode entrar na chamada fase crítica da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A partir desse quadro, os sintomas mais graves começam a surgir, como: dor abdominal intensa; vômito persistente, às vezes com sangue; sangramento nas gengivas ou nariz; dificuldade respiratória; confusão mental; fadiga; aumento do fígado; queda da pressão arterial; sangue nas fezes.
Vale ressaltar ainda, que o mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão do zika vírus e da chikungunya. De acordo com a SES, em 2023 já foram confirmados 2.030 casos de chikungunya e 7 mortes pela doença. Já o zika vírus teve – durante os 11 meses desse ano – 23 confirmações, sendo 3 delas em gestantes. Não há óbitos registrados pela doença neste ano. “Já foi confirmado pelos cientistas brasileiros que existe uma associação entre a infecção de zika em gestante e microcefalia em fetos recém-nascidos. Então, é muito importante que as gestantes, nesse período do ano, se protejam”, é o que orienta Flúvia Amorim.
A prevenção contra estas doenças é combater os focos de acúmulo de água, que são locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença.