Jóquei Clube questiona Prefeitura de Goiânia por falta de diálogo

Paço propõe projeto de revitalização do clube mais tradicional da capital, mas ainda não falou com a diretoria, que quer uma parceria para resolver situação das dívidas
Por Jornal Daqui
Data: 25/10/2023
Sede do Jóquei Clube está completamente sem uso pelo menos desde 2017 (Fábio Lima / O Popular)

O Projeto Centraliza da Prefeitura de Goiânia propõe uma série de ações e programas catalisadores com a intenção de promover a volta do comércio e de moradores ao núcleo pioneiro do Setor Central da capital. Entre os projetos está a revitalização do Jóquei Clube, localizado na Rua 3, com a intenção de fazer do local a sede da Secretaria Municipal de Esportes e uma área gastronômica e de lazer. No entanto, nada disso ainda foi conversado com a direção do clube e com os sócios remidos.

“Não falaram nada com a gente. É uma falta de consideração, de respeito mesmo, nunca falaram nada com a gente”, diz o presidente do Jóquei, o médico Fausto Gomes. “Temos uma assessoria jurídica forte e estamos interceptando tudo o que acontece com o Jóquei”, completa. Ele admite que uma solução para a ocupação da sede do clube só virá com algum tipo de parceria, pois não há atualmente qualquer renda para ao menos negociar ou começar a pagar as dívidas estimadas entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões. Entre as dívidas está o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) com a Prefeitura e o POPULAR apurou que o projeto do Paço inclui esse débito.

Dívidas são empecilho

A presidência do Jóquei ressalta que o grande problema do clube hoje é as dívidas e que vem sendo tentada a redução dos valores via processos judiciais. “Estamos caminhando para conseguir boas coisas na Justiça. Só a questão do IPTU e do processo da Padrão resolve 90% dos problemas, o resto consegue negociar se tiver a parceria. Agora é depender da justiça”, diz. Gomes conta que tentou negociar com vereadores e com o Paço a inclusão dos clubes sociais nos benefícios que foram dados aos clubes de futebol, que poderão pagar seus débitos com a inclusão gratuita de crianças em suas escolinhas. “Nós também temos importância social no lazer e poderia fazer isso, mas não quiseram colocar”, diz.

A ideia do Paço é utilizar o não pagamento do imposto do imóvel da Rua 3 para a desapropriação do local, de modo que a Prefeitura passaria a ser dona da atual sede do Jóquei, local que está completamente sem uso pelo menos desde 2017. Nessa época, mesmo já sem energia e água no local, alguns joqueanos, como são chamados os sócios do clube, ainda frequentavam a quadra para jogar basquete. O restante do espaço deixou de ser utilizado ainda em 2015, no meio de uma briga judicial entre a presidência e a empresa que administrava a Faculdade Padrão à época, que tinha uma espécie de parceria, que foi contestada judicialmente.

Em 2017, com a vitória da chapa Amigos do Jóquei, uma consultoria foi feita e apontou que as dívidas chegavam a R$ 40 milhões, mas seria impossível pagar pela falta de renda. A administração tentou negociar a sede com o mercado imobiliário, dizia-se ter negociações avançadas com uma igreja evangélica. Porém, sócios remidos e entidades vinculadas à arquitetura fizeram campanhas contra a venda, querendo até mesmo o tombamento do edifício. Um processo no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi aberto na época, mas o tombamento foi negado.

Em 2021, tornou-se pública uma proposta de que o local passaria a ser a sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), mas Gomes explica que isso também ocorreu sem a participação da diretoria, partindo de uma sugestão da direção do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG). “Fiz uma visita ao IHGG, sem ser convidado, porque nem isso fizeram. Aí explicaram que em uma conversa foi falado no interesse de ter um CCBB em Goiânia e citaram de 4 a 5 lugares onde poderia ser, entre eles o Jóquei, só isso.”

Desde então, o presidente teve reuniões com representantes de entidades ligadas ao mercado imobiliário e também da Federação de Comércio de Goiás (Fecomércio), que tinha uma proposta para criar um novo Sesc na capital. “A ideia era que eles pegariam a área em troca das dívidas e da recuperação da sede. Voltaria a ser um clube e os sócios do Jóquei poderiam utilizar como sócios do Sesc Jóquei.” Presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi confirma a reunião com o Jóquei e a proposta de doação da sede com ônus.

“Mas nós não conseguimos superar as condições jurídicas do processo. Há uma dívida grande de IPTU e também trabalhista”, diz Baiocchi. Ele ressalta que se colocou à disposição do Paço para revitalizar o local, em que lhe foi confirmada a intenção de tomar posse da sede do Jóquei em troca da dívida relativa ao IPTU.

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