Queda excessiva de cabelo em jovens: quais as possíveis causas?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o número de jovens entre 20 e 25 anos com perda excessiva de cabelo já representa 25% dos brasileiros, que pode ter causa de origem genética ou multifatorial
Por O Popular
Data: 22/04/2024
Jessica Mascarenhas Correa: “Durante esse tempo fiz uso de lenços, perucas, mas também coloquei a careca para jogo” (Wesley Costa / O Popular)

Uma cena comum de quem tem cabelos longos é encontrar fios espalhados pelo chão da casa ou no travesseiro ao acordar. Na hora de lavar e pentear, uma quantidade considerável sai nas mãos ou no pente. Perder fios não é necessariamente um problema nem motivo de pânico, já que a queda de cabelo é considerada normal quando se perde de 50 a 150 fios por dia. Mas engana-se quem acha que a calvície é restrita ao processo de envelhecimento e aos homens. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o número de jovens entre 20 e 25 anos com perda excessiva de cabelo já representa 25% dos brasileiros, que pode ter causa de origem genética ou multifatorial.

O alerta começa quando essa quantidade de fios perdidos no dia a dia aumenta excessivamente. Na hora de prender, o rabo de cavalo está ficando mais fino e ralo, menos “encorpado”. A risca do meio do cabelo quando está partido está se alargando e o couro cabeludo ficando cada vez mais visível. Falhas podem se apresentar, além das famosas “entradas”.

“Muito importante também se atentar quanto a sintomas no couro cabeludo além da queda, como sensibilidade, dor, coceira ou alguma ferida. Esses são todos sintomas de alerta para que a pessoa procure um especialista”, aponta Thaynara Costa, médica com especialização em tricologia e transplante capilar. “A queda de cabelo não é um diagnóstico, é um sinal que o corpo dá de que tem alguma coisa errada acontecendo e que precisa ser investigada”, diz.

Ao chegar no consultório, o paciente passa por exames para entender as características da queda e suas possíveis causas. Dessa forma, a melhor conduta de tratamento pode ser adotada. “Partimos de uma anamnese, que é uma conversa bem detalhada com a pessoa para tentar entender se está havendo realmente uma queda ou se o que ela está tendo é um afinamento do fio e há quanto tempo. Também saber quais são os cuidados que ela tem com o cabelo e se teve algum fator recente que pode estar influenciando”, explica a especialista.

Em seguida, é feito o exame físico. “Trata-se da tricoscopia, um aparelhinho usado para avaliar o couro cabeludo e a haste do fio. Em consultório, somos capazes de dar o diagnóstico em 95% das vezes. Mas, é claro, são solicitados exames laboratoriais para complementar e ver se não tem realmente algum outro fator que possa estar envolvido”, diz.

Tipos

Existem diferentes tipos de queda de cabelo e suas causas são diversas, podendo ser transitória ou definitiva. Nos últimos meses, famosas como a atriz Deborah Secco, de 44 anos, a influenciadora digital Virginia Fonseca, de 25 anos, e a cantora norte-americana Ariana Grande, de 30 anos, contaram sobre seus casos de alopecia, doença caracterizada pela perda excessiva e rápida de cabelo. Elas, no entanto, não sofrem do mesmo tipo de alopecia.

Deborah Secco, por exemplo, tem o diagnóstico de alopecia androgenética, popularmente conhecida como calvície genética, e explicou em entrevista que sofre com a condição “desde sempre”. Virginia, por sua vez, revelou ter tido alopecia areata, que provoca perda de cabelo em pontos focais do couro cabeludo, com o quadro sendo desencadeado por um episódio de estresse. Já Ariana Grande, que tem como marca registrada seus rabos de cavalo no topo da cabeça, recebeu o diagnóstico de alopecia por tração, condição associada a constantes “puxões” nos cabelos.

“A alopecia androgenética, que é a famosa calvície, acomete tanto homens quanto mulheres e tem como causa fatores genéticos, hormonais e inflamatórios”, explica Thaynara Costa. Geralmente, a condição se manifesta a partir dos 25 anos de idade, mas pode começar até mesmo antes dos 18 anos. Já a alopecia areata é caracterizada pelas falhas no couro cabeludo. “Como se fosse uma área de pelada, em que você olha e tem buracos se formando no couro cabeludo. A causa específica ainda não conseguiu ser totalmente elucidada, mas sabe-se que o fator emocional contribui bastante para esse tipo de queda de cabelo”, comenta.

Por fim, Thaynara destaca dentre os principais tipos de queda de cabelo o eflúvio telógeno agudo, condição caracterizada pela queda de cabelo muito intensa e abrupta, podendo ser agudo ou crônico. “É aquela queda em que a pessoa fica desesperada, acha que vai ficar careca quando vê os cabelos pela casa, com uma queda muito importante e que começou de uma hora para outra”, explica.

As principais causas do eflúvio telógeno são deficiência de vitaminas e sais minerais, infecções recentes nos últimos três meses, como Covid-19 e dengue, ou até mesmo um quadro mais importante de febre. “Também acontece se a pessoa teve de passar por algum tipo de procedimento cirúrgico, internação ou um estresse emocional muito grande”, diz.

Outro exemplo de causa do eflúvio telógeno é a quimioterapia. A designer Jessica Mascarenhas Correa, de 23 anos, passou recentemente por uma série de 12 sessões para tratar um Linfoma de Hodgkin no estágio IV, doença que afeta o sistema linfático. “Durante as seis primeiras sessões tive leves perdas de cabelo e pelos corporais. Já na segunda metade, as quedas começaram a ficar mais frequentes e significativas”, conta ela, que precisou passar pelo momento emblemático e difícil na vida de um paciente oncológico: raspar a cabeça.

“Sempre tive cabelos grossos, em muita quantidade e bem volumosos. Depois de finalmente raspar, tive um rápido crescimento do cabelo, mesmo dentro do tratamento. Durante esse tempo fiz uso de lenços, perucas, mas também coloquei a careca para jogo”, diz. Os fios, no entanto, sofreram algumas alterações de textura com o início da medicação, ficando com aspecto mais poroso.

“Antes grossos, escuros e volumosos, agora eles são finos e claros”, explica ela, que decidiu começar um acompanhamento com especialista em tricologia. “O profissional é capaz de entender como está a qualidade do meu couro cabeludo, podendo me ajudar com o crescimento e fortalecimento dos novos fios após tratamento. Além disso, o tratamento capilar tem tido um grande impacto na minha autoestima e saúde”, conta.

Outras causas

A médica dermatologista e nutróloga Aline Longatti aponta a deficiência de ferro como uma das principais causas de queda de cabelo em mulheres. “Além do sangramento menstrual exagerado e a má ingestão de alimentos ricos em minerais. Quem vive de dieta restritiva está mais vulnerável, já que excluir os alimentos do cardápio sem o acompanhamento de um especialista pode ser prejudicial à saúde”, aponta. Portanto, uma alimentação balanceada, rica em proteínas, minerais e vitaminas, influencia também na saúde dos fios.

Lavar o cabelo com muita frequência não prejudica o couro cabeludo, informação que vem sendo propagada nas redes sociais com frequência. “A frequência de lavagem não vai piorar uma queda, pelo contrário”, diz Thaynara.

“A má higienização associada a intervalos distantes e a produtos que não são destinados à saúde do couro cabeludo desordenam a barreira de proteção da pele, prejudicam a microbiota e modificam o p.H fisiológico, danos esses que causam dermatites, que levam a caspas e coceiras, podendo provocar o quadro de queda e afinamento progressivo dos fios”, comenta Marcos Priolli, esteticista e tricologista especialista em terapia capilar.

O uso de alguns medicamentos e substâncias também podem estar relacionados com a queda de cabelo em pessoas jovens. Os anabolizantes, por exemplo, estimulam de forma acelerada a produção de testosterona no organismo. “Nesse processo, há um aumento da dihidrotestosterona, uma derivação do hormônio masculino (que as mulheres também têm), que em desequilíbrio promove o afinamento e a queda dos cabelos”, explica Aline Longatti.

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