Roda de conversa explora os entraves à liderança feminina

Encontro aborda os desafios que as mulheres ainda enfrentam nos dias atuais para ocupar os mais altos cargos de gestão
Por O Popular
Data: 19/03/2024
Michelle Wadhy é sócio-fundadora da Fast Escova: sonho de empreender saiu do papel após cura de um câncer (Wildes Barbosa / O Popular)

Dificuldades da liderança feminina no mercado de trabalho estão relacionadas ao preconceito de gênero e à interrupção da jornada de desenvolvimento profissional de mulheres. Segundo a socióloga e mentora em diversidade Dilze Percílio, entraves podem acontecer até de atitudes inconscientes dos próprios líderes “que acabam dando a preferência para a contratação dos homens”.

A discussão sobre o tema é pauta da roda de conversa “Mulher à frente: liderança, determinação e impacto social”, que ocorre no Centro Universitário FacUnicamps nesta terça-feira (19), às 19h. A troca de experiências se dá, segundo Dilze, num contexto em que muitas mulheres que assumem estas posições acabam ficando um pouco sozinhas. A discussão vem, seja com situações que deram certo ou errado, “para fazer como que o caminho de chegar a um posicionamento em liderança feminina seja menos difícil.”

Além dos entraves impostos pela estrutura social a partir do gênero, a socióloga lembra que as mulheres negras enfrentam um obstáculo ainda maior. “Há dificuldade de pessoas pretas serem posicionadas em cargos de alta liderança e, no caso das mulheres, quando precisam ascender para a autogestão, é como se elas batessem num teto de vidro, um teto invisível, que é justamente na hora da escolha feita por homens brancos”, explica Dilze.

De acordo com a pesquisa Panorama Mulheres de 2023, elaborada pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), pós-pandemia o número de mulheres em posições de presidência e alta liderança no Brasil chegou a 17%. Em 2019, a porcentagem era de 13%. A perspectiva para crescimento do número depende de investimento das empresas em diversidade. “É ouvir as pessoas, é ter processos seletivos, é ter processos de promoção interna extremamente profissionalizados, onde o preconceito não faça parte”, sugere Dilze.

Case de sucesso

Michelle Wadhy, 46 anos, é sócio-fundadora da Fast Escova. A empresa fundada em 2018 é uma franquia de salão sem hora marcada, focada na conveniência e acessibilidade das clientes. Até o ano passado a empresa contava com 260 lojas franqueadas pelo Brasil, no mesmo ano foram atendidas mais de 1 milhão de mulheres em toda a rede.

Anos antes de iniciar o empreendimento, em 2013, Michelle foi diagnosticada com um câncer no estômago. A situação fez com que médicos dessem somente seis meses de vida à ela, que relembra o momento enfrentado como um dos mais difíceis. A empresária conseguiu remover 100% do tumor e decidiu botar para frente o sonho de empreender.

A cura, segundo ela, foi “uma mola propulsora para avançar”. “Acreditar em mim e não desistir do que tracei para minha vida”, comenta. Hoje, Michelle relembra como percorrer este caminho fez com que “encontrasse sua identidade, estimulasse a sua fé e acreditasse que era possível chegar na posição que está hoje”.

Michelle diz que as dificuldades de liderança giram em torno das decisões assertivas, equilibrando gestão, custos e crescimento, além da vida pessoal. “Os desafios até aqui foram para equilibrar as atividades profissionais e pessoais, focar em resultados acelerados e consistentes. E escolher as pessoas certas para me apoiar e me dar impulso para avançar, pois não faço nada sozinha”, conta.

Michelle acredita que a permanência de mulheres nos cargos de liderança está avançando cada vez mais, isso evidência que mulheres nesses locais tem mostrado grandes resultados. O que abre a mentalidade de empresas que entendem como as habilidades das mulheres podem ser favoráveis para gerar resultados expressivos.

Roda de conversa arrecada alimentos

Com o intuito de expandir a discussão, a roda de conversa sobre liderança, determinação e impacto social ocorre no Teatro FacUnicamps. O encontro será guiado por 10 mulheres que estão na liderança de empresas, instituições e projetos em Goiás. A entrada do evento é mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível. As arrecadações serão destinadas ao Centro de Valorização da Mulher (Cevam), abrigo para vítimas de violência doméstica.

A experiência de vida, com anos de trabalho, é o guia da sócio-fundadora da Fast Escova, Michelle Wadhy, para estimular outras mulheres a ocuparem cargos de liderança. Sua participação pretende estimular novas empreendedoras a começar um negócio, seja em questões técnicas, mas também em como enfrentar a dor, o julgamento e o tempo das escolhas. “Levar por meio daquilo que vivo reflexões que possam apoiar e inspirar mulheres a tomarem decisões e fazerem escolhas que possam levá-las a realizar seus sonhos”, complementa.

Além da sociologa Dilze Percílio e a empresária Michelle Wadhy, estarão presentes a primeira-dama de Goiás, Gracinha Caiado, a desembargadora do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) Juliana Diniz, a reitora da FacUnicamps, Patrícia Mendonça, a diretora de jornalismo da TV Anhanguera, Brenda Freitas, a consulta de imagem Sheyla Doumit e as odontólogas Lucienne Cardoso, Paulene Cardoso e Paula Cardoso.

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